Homens não são prêmios:
A psicóloga yunguiana Clarissa Pínkola Estés no seu canônico Mulheres que correm com os lobos, diz que para a mulher a energia masculina é como um banquete, um farto banquete de chocolate, daí a necessidade que as mulheres tem, volta e meia, de se encontrar com outras mulheres, rir como loucas, falar desavergonhadamente dos homens, rir mais ainda e depois voltar para eles. Ela diz que este encontro entre as mulheres é como tomar um caldo frio e se reciclar depois de se lambuzar com o banquete de chocolate. Que é a parte que a gente mais gosta. Mas que só é bom e só funciona se for para completar. Complementar. Compartilhar.
Algumas mulheres da geração da minha mãe, e muitas da minha própria geração pensam que os homens são prêmios e se esquecem que as histórias de amor só funcionam se forem encontro e troca. Porque os homens não são prêmios, são companheiros, são os pais dos nossos filhos, com quem a gente esquenta o pé nas noites frias de inverno e se emociona até às lágrimas ouvindo músicas ridículas por motivos insuspeitados. Dividem a vida e os parcos salários, o sonho de ter uma casinha amarelinha, um carro usado, aquela viagem. São aqueles com quem a gente briga só pra ter o gosto de fazer as pazes e que vai construindo uma teia, uma teia que é uma vida, uma vida que é a nossa vida.
Não tem prêmio, parece uma gincana, cada passo, cada obstáculo, mas não tem prêmio no final. Tem um homem e uma mulher, mãos dadas, palavras-luzes que emergem de vez em quando: pacto, vínculo, elo, comprometimento, amor imenso.
Os homens não são prêmios. Quando os escolhemos e escolhemos seguir com eles de mãos dadas, eles são o nosso amor, melhor amigo, meu eterno namorado.
Foi isso que eu disse pra minha mãe e digo para as mulheres que como ela pensam que os homens são prêmios e que, portanto, acontecem só para algumas eleitas. Cuidado: os homens não são prêmios, são homens e nada mais.
Não se iludam queridas: prêmios não roncam.
Lelia Almeida
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