Lagarta, por Lélia
Almeida.
A astróloga disse que
estou no momento da metamorfose, me deu de presente a metáfora da transformação
da lagarta em borboleta. Fui perguntar a quem mais conhece do assunto, minha
mãe, a bióloga, a que sempre tem as respostas. Ela disse que este é um dos grandes
mistérios da vida, de como a larva constrói o casulo, as células se organizam
de outra maneira, disse a minha mãe-mestra, e de como a borboleta, pronta, com
cores e padrões únicos, rompe o casulo. Respirei tranquila entendendo a fome
que me mata nestes tempos em que a morte se mistura com a vida e a lagarta
sorve restos e migalhas por onde passa. Roubo, voraz, pedaços de queijo
daqueles que se servem para degustação no supermercado, este queijo que é como
um leite, um leite imprescindível, as asas sendo bordadas, a morte pronta, a
morte que nunca esteve tão viva. Da borboleta que não vai reproduzir. Que vai
transmutar.
3 comentários:
e viver sob os signos e desígnios de uma borboleta é estar sempre devorando o cru da vida para colorir os ares.
gostei do teu blog.
Quem vê a borboleta só vê o resultado, nunca o processo.. Lindo esse blog.
Postar um comentário