sexta-feira, 19 de dezembro de 2014


Corro pelas ruas da cidade, estão todos ansiosos, dezembro é um mês nervoso, há uma urgência no ar. Não estou mais na cidade e também ainda não estou lá na cidade do sul. Vivo num tempo e num espaço suspensos. Um limbo, um intervalo, um gap. Uma amiga me disse, se eu fosse você eu não ia, eu expliquei a ela que se eu fosse eu, que eu também não ia. Mas que não sei quem é esta pessoa que decidiu partir, e que agora vou ter de conhecê-la também. No tempo do intervalo, uma estranha urdidura do que jamais voltarei a ser e do que eu nem sonhava que poderia ser. Caminho rápido como todos pelas ruas de uma Brasília outonal e chuvosa, cheia de tarefas e finalizações, despedidas, sem tempo a perder. Eu vou, não sei bem como, mas vou.


(Lélia Almeida)

terça-feira, 16 de dezembro de 2014


Não quero escrever nada desta vez.
Não quero explicar.
Desta vez vou ficar bem quietinha.
E te ler.
Desta vez vou apenas lavar as alfaces e te espiar pela janela,
concentrado,
cortando a grama.
Lava e chuva, liquefeita por dentro.


(Lélia Almeida)

No cerrado flori inteira.
De securas e duras florações
Para o voo exuberante.
Obrigada, minha Brasília.


(Lélia Almeida)