Assim
estão as pessoas, por Lélia Almeida.
Chego
muito cedo para a consulta de acupuntura e decido tomar uma água no boteco da
esquina para fazer tempo. Somos cinco pessoas no boteco, duas mulheres jovens
envolvidas com um bebê, aquecem a mamadeira e cuidam do menino. Um homem
bastante embriagado que fica mais tempo na porta do lugar fumando do que
sentado ao lado da cerveja quente. E o dono do bar no caixa. Na tv, na sessão
da tarde, passa aquele filme com o Richard Gere, "Sempre ao seu lado"
que conta a história do cão akita que fica esperando o dono voltar mesmo depois
da sua morte. Tento manter a racionalidade, a frieza, mesmo sabendo que não
posso nem ouvir falar neste filme para chorar como uma bezerra desmamada. Uma
angústia absurda vai tomando conta de mim, não consigo conter as lágrimas.
Choramos todos dentro do bar. Somos todos cães leais aos nossos afetos mais
sagrados. E somos todos irremediavelmente saudosos.
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