sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Assim estão as pessoas, por Lélia Almeida.


Chego muito cedo para a consulta de acupuntura e decido tomar uma água no boteco da esquina para fazer tempo. Somos cinco pessoas no boteco, duas mulheres jovens envolvidas com um bebê, aquecem a mamadeira e cuidam do menino. Um homem bastante embriagado que fica mais tempo na porta do lugar fumando do que sentado ao lado da cerveja quente. E o dono do bar no caixa. Na tv, na sessão da tarde, passa aquele filme com o Richard Gere, "Sempre ao seu lado" que conta a história do cão akita que fica esperando o dono voltar mesmo depois da sua morte. Tento manter a racionalidade, a frieza, mesmo sabendo que não posso nem ouvir falar neste filme para chorar como uma bezerra desmamada. Uma angústia absurda vai tomando conta de mim, não consigo conter as lágrimas. Choramos todos dentro do bar. Somos todos cães leais aos nossos afetos mais sagrados. E somos todos irremediavelmente saudosos.

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