sexta-feira, 23 de outubro de 2015


Poderosa Delami, por Lélia Almeida.

Delami abre as cartas comigo tem oito anos já. Atravessamos juntas a sua década dos cinquenta e posso dizer que ela o fez com graça e sabedoria. Uma mulher daquelas que a gente quer ser quando crescer. Por conta da menopausa Delami foi fazer terapia e questionou profundamente a sua vida.
Ontem me telefonou para marcar a consulta e me disse muito contente, "tive alta da terapia", eu disse que estava doida pra saber da novidade. Por conta de um casamento nefasto com um homem infantil, Delami sempre viveu pela metade, a espera que o marido voltasse dos seus inúmeros casos. Percorreu os terreiros, as casas espíritas, as igrejas todas até enveredar pelas terapias alternativas e hoje podemos dizer que foi o Reiki que salvou a vida de Delami.
Na entrada principal do Conjunto Nacional um homem entregou-lhe o cartão do atendimento de Reiki e ela, em sua busca frenética para conhecer-se melhor e assim transformar-se numa mulher perfeita para o marido fujão, marcou uma sessão com o cara para o dia seguinte. Era uma sala pequena na Asa Norte, uma sala meio precária a bem da verdade, que aquele homem jovem preenchia soberanamente. Ele explicou sobre os benefícios do Reiki, fez com que ela deitasse numa maca, acendeu incenso e colocou um cd com mantras indianos e começou a falar muito mansamente. Pediu que Delami pegasse o bombom que ele oferecia e que o colocasse no coração dizendo que via uma menina muito magoada e ressentida e que naquele momento ela devia perdoar ao pai, a mãe, ao marido e dissesse “da doçura do meu coração, eu te perdoo”, que repetisse algumas vezes, o que deixou Delami nervosa porque sentia que o bombom ficava quente e podia derreter.
Depois de muito repetir o mantra ele passou-a para outra sala e pediu que ela deitasse de barriga pra baixo numa maca quase na altura do chão e que tirasse a roupa. As mãos daquele homem eram firmes e massageavam as costas de Delami. O homem então deitou em cima do seu corpo pequeno, massageou seus braços e sussurrou: “não se preocupe, nada de ruim vai acontecer”. Delami confiou naquela voz e na sabedoria do seu corpo que abria as pernas, a boca e os braços sem titubear. A sessão de Reiki durou três luxuriosas horas onde Delami descobriu-se uma mulher jamais imaginada e por quem se apaixonou imediatamente.
Viu-se escabelada e cheia de cores no espelho do elevador, os lábios inchados, era outra. “Mandei uma mensagem para o meu terapeuta e disse a ele que não ia mais, fui eu mesma quem me deu alta”, ela disse. Eu perguntei o que tinha este homem de tão especial para que provocasse tamanha transformação. “Nada de especial”, ela me disse, ”Aliás, o que mudou a minha vida não foi o que aconteceu naquela cama, mas o que aconteceu depois. Depois quando me vesti e ele estava de jaleco outra vez me esperando pra abrir a porta. Foi quanto perguntei quanto era a sessão. Oitenta real, ele respondeu”. Delami estendeu as notas ao homem, ela era muitas agora, era amiga de todas as mulheres do marido, ela era poderosa. E o prazer que ela sentiu ao estender as notas não chegava nem perto de qualquer outro experimentado momentos antes.

A Delami que abre os arcanos hoje parece uma menina, alegre e risadeira, e pensa na possibilidade de fazer, à brevidade, um curso de Reiki.

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